Dizem
por aì que a carreira de jornalista está em crise, será verdade? Para ficar
mais por dentro desse assunto o RN Online
entrevista a jornalista, radialista e empresária Emanuelle Borges, formada pela UFRN, leia até o final e saiba um pouco
mais sobre os desafios dessa profissão.
Para
ser um jornalista, ao contrário de muitas outras profissões, não existe a
obrigatoriedade de curso superior na área, no entanto a formação acadêmica
ainda é bastante valorizada pelo mundo do
trabalho – um grande diferencial na hora de concorrer a uma vaga.
Muitos
enxergam o jornalista como simplesmente uma pessoa que transmite notícias.
Contudo, as funções atribuídas ao jornalista são as mais diversas, indo desde a
tradicional função de repórter, passando pela comunicação empresarial, até
atribuições mais recentes como, por exemplo, o uso estratégico de redes
sociais.
Diante
de tantas opções de atuação, muitos interessados por jornalismo ficam com
dúvidas na hora de optar por esta carreira. Por isso, trouxemos para o RN Online, uma entrevista com a
jornalista e dona de uma beleza e simpatia sem igual Emanuelle Borges, que nos conta um pouco sobre o dia a dia
desse profissional e também esclarece tudo
para quem pensa em seguir nessa área.
Emanuelle Borges, natalense, formada em Rádio e TV e Jornalismo
pela UFRN, atuou como assessora de
imprensa, repórter, editora e apresentadora de TV. Empresária no ramo
hoteleiro, administra a Vila Emanuelle
B&B Pousada Boutique localizada na cidade de São Miguel do Gostoso /RN.
Mãe de dois filhos, mora parte do ano na cidade de Gênova na Itália e em na
outra parte em São Miguel do Gostoso, e se divide entre trabalho, os filhos e o
amor pelo jornalismo.
RN Online: Em sua opinião, qual a
principal característica que um jornalista deve ter?
Curiosidade! Esta é uma
característica primordial e
imprescindível para que alguém possa ter sucesso na profissão. Além
disso, é necessário muito amor e força de vontade. Não acredito naquele
estereótipo tradicional do jornalista ‘engomadinho’ apresentando telejornal
todo lindo e perfumado, Claro que isso também faz parte do ‘glamour’ da
profissão e não pode deixar de existir, entretanto, acho que devemos valorizar
também o cara que sua a camisa na rua, cobrindo manifestação, buraco na
calçada, que está junto com a polícia
subindo favela, esses que a gente não vê, mas que estão aí nos informando e
ajudando a manter o jornalismo de qualidade vivo.
RN Online: Por que você escolheu essa
profissão?
Sempre fui muito
comunicativa, e também bastante curiosa (minha mãe vai dizer que até demais).
Contudo, o jornalismo não foi minha primeira escolha. Sempre gostei da área de
saúde, e pasmem, queria ser médica, mas na época meu pai estava desempregado e
não teria condições de manter por meses e até anos a preparação para o
concorrido vestibular de medicina da UFRN. Aì pensei, qual seria a minha
segunda opção? Vistas as minhas habilidades a passagem à Comunicação Social foi
uma escolha fácil. Fiz vestibular e fui a primeira colocada geral do curso em
2004. Inicialmente me formei em Rádio e TV, que me tornou uma jornalista sem
dúvida mais completa e mais a par dos processos na área, principalmente em tv e
rádio. Cursei muitas disciplinas de jornalismo então foi natural o reingresso
para conseguir o diploma (já não mais obrigatório), mas que me orgulha
bastante.
RN Online: Quais são os maiores desafios
profissionais de um jornalista?
Acredito que a
precarização da profissão como um todo. Desde o abuso do trabalho de
estagiários até os baixos salários e as jornadas injustas aplicadas pelas
empresas que fazem com que muitos aspirantes a jornalistas trabalhem em
substituição à jornalistas formados.
Infelizmente, no nosso mercado de trabalhos local ainda existe muito
apadrinhamento o que faz com que vários talentos da profissão tenham que se
deslocar da nossa cidade para outros centros ou até mesmo mudem de profissão
pela dificuldade em conseguir vagas. E quando conseguem, muitas vezes, são
expostos a cargas horárias extenuantes e recebem um dos menores pisos salariais
mais baixos do Brasil. Pouco animador não é? Ninguém disse que era fácil, mas
aos apaixonados sem dúvida é um desafio a mais a ser vencido.
RN Online: Como está a realidade de
trabalho para os jornalistas nos dias de hoje no Brasil e mundo?
Diria que não está fácil
para ninguém. Temos pouca oferta de trabalho formal e não saímos da
universidade sabendo empreender. Isso dificulta muito. Há muita concorrência e
competição entre os próprios jornalistas o que provoca desagregação da
categoria e termina por precarizar ainda mais a profissão. Em muitos países,
como no Brasil, o diploma não é obrigatório, e muitos jornalistas têm formação
em outras áreas, o que os torna um pouco mais versáteis talvez, pois sempre
podem retornar à sua área de formação. Na Europa entretanto, a mídia
tradicional, apesar de enfraquecida, ainda é muito importante o que talvez
mantenha uma certa oferta de vagas
(apesar da grave crise por aqui também).
Nós, todavia, temos muitas escolas de jornalismo espalhadas pelo Brasil
e, formamos muita gente e o mercado tradicional não tem capacidade para
absorver a todos. Não sabendo abrir
nosso próprio negócio, nós acabamos migrando de área, o que é bem triste.
RN Online: O que você recomenda para os
jovens que pretendem optar pelo jornalismo como carreira?
Que avaliem bem a sua
vocação. Jornalismo é paixão, é vício, tem que gostar se não não dá! Por isso,
aconselho a sempre avaliar o perfil profissional. Já vi todo o tipo de
jornalistas, mas fundamentalmente apaixonados pela profissão. Já vi também
muita gente abandonar o curso na metade e mudar de área. Avaliem tudo, vocês
são jovens, não tenham pressa!
RN Online: Apesar de o diploma não ser
obrigatório para o exercício da profissão, você acha importante fazer a
faculdade de jornalismo?
Sim. É muito importante! A
“queda” da obrigatoriedade do diploma deixou muita gente revoltada (com razão).
Entretanto, observando agora, passados alguns anos, vejo que mesmo que a
obrigatoriedade não tivesse sido derrubada como foi, estaríamos hoje
enfrentando uma crise inutilmente com
todas essas pessoas que usam a internet como forma de publicar seu conteúdo. Seria, para simplificar, como os “taxistas
tradicionais” brigando com o pessoal do UBER. Sinceramente, não nos levaria a
lugar nenhum.
Nos últimos anos percebi
que a maior parte do pessoal que faz “mídia livre” (vou chamar assim), se não são
formados na área, raramente se autodenominam “jornalista”, preferem termos mais
da moda como “youtuber”, “blogger”, etc. Também vejo que a maioria das
empresas na área da comunicação não
passaram a contratar profissionais “sem diploma” para as suas redações. Com
isso, acredito que a volta da obrigatoriedade é necessária, bem mais para
fortalecer a categoria diante de condições de trabalho difíceis e precárias do
que para frear o avanço dos “comunicadores ou jornalistas” sem diploma, já que os
mesmos, na maioria das vezes, não têm preparo para concorrem efetivamente como
os “diplomados” no mercado formal.
RN Online: Qual a sua ligação com o
ambiente universitário e com a UFRN? Muitas recordações?
Amo o ambiente
universitário, vivi 9 anos da minha vida diariamente dentro da UFRN, posso
dizer que me sinto em casa lá no Campus! Até cheguei a cursar 1 ano do Mestrado
em Estudos da Mídia. Foi uma pena para mim não ter conseguido concluir,
contudo, duas situações importantes mudaram meus rumos. Fiquei grávida da
minha filhinha mais nova e tive que me
mudar para São Miguel do Gostoso para implantação da Vila Emanuelle B&B
Pousada Boutique tudo ao mesmo tempo! Foi bem difícil largar tudo, todo o
esforço, todo o sacrifício, mas a verdade é que sou muito exigente para fazer
uma coisa tão importante quanto um mestrado de qualquer jeito. Renunciei, por
enquanto, mas ainda tenho pretensões de retornar a área acadêmica que tanto
amo. Tenho excelentes recordações, dos colegas, professores, amigos. De tudo.
Vi a universidade passar por uma transformação importante para melhor e isso me
satisfaz muito, pois sei do esforço de toda a comunidade acadêmica para
torna-la no que é hoje, uma universidade de excelência.
RN Online: Jornalismos ou Rádio e TV?
Não tenho como escolher, tenho ambos dentro de
mim e os mesmos se unem e se complementam. Me tornaram uma profissional
versátil e me auxiliam e todos os aspectos da minha vida. São como filhos, não
tem como escolher qual você ama mais.
RN Online: Qual livro você atualmente
está lendo e recomenda?
Adoro ler. Sou de fazer
“maratona de leitura”, e só largar um livro na última página. Entretanto a
rotina de mãe e profissional tem me impedido de me dedicar de maneira mais
constante à literatura. Por isso, no momento
estou lendo poesia, os textos menores me permitem manter a reflexão sem tomar
tanto tempo. Atualmente estou lendo “As flores do mal”, livro de poesia de
Charles Baudelaire, mas também leio poesia infantil para as crianças, estamos
lendo O menino azul da Cecília Meireles, uma doçura do começo ao fim.
RN Online: Você está atuando como
jornalista no momento, quais os seus projetos?
Além de outras funções não
ligadas ao jornalismo, analiso redes sociais o que me mantém ativa na área.
Entretanto em breve (notícia de primeiríssima mão) vou publicar uma página na
internet, para falar de coisas que amo, como viagens, gastronomia, literatura,
esporte, cultura, etc. São assuntos que adoro e tenho bastante conhecimento,
por isso, vou compartilhar um pouco. Tenho projetos mais ousados também, mas
sobres esses a gente conversa mais adiante. Certamente será um prazer conversar
com o RN online novamente quando inaugurarmos o site!