Um
atirador abriu fogo em uma exibição de fotos nesta segunda-feira e matou a
tiros o embaixador da Rússia na Turquia. O Kremlin
confirmou que Andrei Karlov faleceu
após ser levado ao hospital e classificou o ataque de terrorista. O diplomata
fazia um comunicado em uma exibição de fotos chamada “A Rússia vista pelos turcos” quando foi acertado pelos tiros. O
atirador gritou “Aleppo” e “Vingança” após entrar no local se
fazendo de segurança. Pouco depois, o terrorista — que, segundo a prefeitura de
Ancara, era um policial chamado Mevlut
Mert Altintas, de 22 anos — foi morto pela polícia.
Um
vídeo mostra que o atirador mirou especificamente em Karlov após ouvi-lo falar,
atuando aparentemente como segurança. De acordo com a rede BBC, ele gritou “Não esqueçam de Aleppo, não esqueçam da
Síria” antes de usar a frase islâmica “Deus
é grande”. Já o “Independent”
diz que ele gritou: “Nós morremos em
Aleppo, você morre aqui”.
— Até que nossas cidades estejam
seguras, vocês não terão segurança. Só a morte pode me levar daqui. Todo mundo
envolvido neste sofrimento pagará o preço — diz o atirador, em um vídeo que
circula nas redes sociais.
A
embaixada afirmou acreditar que este foi um ataque de radicais islâmicos.
Segundo a “NTV”, três outras pessoas
ficaram feridas. Já a unidade da rede CNN na Turquia afirma que os tiroteios
continuaram no mesmo edifício por mais um tempo, mas logo cessaram — segundo a
imprensa local, quando a polícia invadiu a área e matou o terrorista.
De
acordo com jornais pró-governo, o assassino era um policial da força de choque
da polícia de Ancara.
Como
habitual em recentes ataques terroristas no país, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, impôs um blecaute
informativo no país. As atividades de redes sociais foram suspensas e redes de
TV foram proibidas de veicular mais informações e imagens sobre o caso.
Segundo
a CNN turca, a mãe e a irmã de Altintas
foram detidas na província de Aydin, sudoeste do país.
PUTIN TEM REUNIÃO DE EMERGÊNCIA
A
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, confirmou o episódio e disse estar em contato com
autoridades turcas. O presidente Vladimir
Putin conversou com Erdogan e faria uma reunião de emergência com seu
Gabinete de crise para debater o caso.
— Queremos saber quem comandou a ação do
assassino — afirmou Putin na TV local. — O crime cometido é sem dúvida uma
provocação que busca entorpecer a normalização das relações russo-turcas e o
processo de paz na Síria.
Já
a Turquia disse que há indícios de o atirador ter laços com Fethullah Gullen, o clérigo que vive
nos EUA e a quem o governo turco atribui a responsabilidade pela tentativa de
golpe militar este ano.
Karlov
tem uma longa carreira como diplomata (começou em 1976) e ocupou o cargo de
embaixador na Coreia do Norte por vários anos. Estava em Ancara desde 2013 e é
o primeiro enviado russo a ser assassinado em serviço desde 1927.
— Hoje em Ancara, como resultado de um
ataque, o embaixador da Rússia na Turquia, Andrei Gennadyevich Karlov, ficou
ferido e morreu — disse a porta-voz. — Nós consideramos este um ataque
terrorista.
O
episódio acontece um dia antes de o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlüt Çavuşoğlu, viajar a Moscou para
conversar com a Rússia e o Irã sobre a grave situação na Síria e dias depois de
protestos na Turquia contra o papel da Rússia na guerra.
O
Departamento de Estado dos EUA alertou para a segurança dos cidadãos americanos
no local e condenou o ataque contra o embaixador: “Nós condenamos este ato de violência, seja qual for a sua fonte”.
O
aumento da violência em Aleppo, com uma ofensiva síria apoiada pela Rússia que
retomou todo o controle das áreas ainda dominadas por rebeldes, fez autoridades
ocidentais condenarem Putin e o regime de Bashar
al-Assad por supostos bombardeios contra civis no processo. Manifestações
pelo mundo cobraram os presidentes a favor do respeito aos direitos humanos na
cidade sob cerco.
Após
atritos diplomáticos pela derrubada pela Turquia de um jato russo na fronteira
síria, os dois países se reaproximaram nos últimos meses. Juntos, chegaram ao
acordo que garantiu o recente cessar-fogo para esvaziar Aleppo e permitir a
saída de rebeldes para consolidar a vitória militar.
“A bala no embaixador Karlov não mirou
somente nele. Mirou também na relação turco-russa”, avaliou no Twitter Fatih Öke, ex-secretário de imprensa da
embaixada turca em Washington.
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