domingo, 25 de dezembro de 2016

“Pedalada pode condenar futuro político de Carlos Eduardo”, afirma especialista

O prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) está com seu futuro político severamente ameaçado e nas mãos do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado. A afirmativa foi dada pelo cientista político Daniel Menezes, e refere-se ao fato de que o pedetista tenta utilizar recursos do próximo mandato (2017-2020) no exercício atual (2012-2016), que se encerra. O ato é terminantemente proibido pela Justiça e, segundo Menezes, já foi impedido em “diversas cidades do país […] quando os tribunais foram provocados em situações idênticas”.

O cientista político explica ainda que o prefeito já havia usado a arrecadação do IPTU, “ao pegar emprestado a verba de 2016 para fechar 2015 e não complicar sua reeleição”. Tal conduta fiscal só seria permitida dentro do mandato e não com a passagem de um para o outro. A chamada “pedalada” é vedada pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

Carlos Eduardo ainda não deu previsão de pagamento dos vencimentos de novembro dos servidores. Ainda de acordo com Menezes, “há um burburinho no ninho dos auditores do município sobre um possível uso de rubricas de outras áreas (previdência e taxa de iluminação) com desvio de finalidade”, que está sendo investigado pelas autoridades.

Daniel Menezes também afirma que “Carlos Eduardo depende dos órgãos de controle ‘fecharem’ os olhos para conseguir virar o ano. Do contrário, entraria em janeiro de 2017 numa situação política insustentável. Além das consequências jurídicas adversas, ficaria com novembro e dezembro como grandes passivos orçamentários em 2017”.

Entenda o caso

Em documento assinado por Carlos Eduardo e publicado no Diário Oficial do Município (DOM) do dia 14 de novembro de 2016, a Prefeitura oferece descontos de até 22% aos contribuintes que quiserem pagar o IPTU 2017 em única parcela, até a próxima sexta-feira (23). Em 2015, a prefeitura utilizou prática semelhante para garantir o pagamento do funcionalismo público em dia.

A representação recebida pelo MP e TCE nesta segunda-feira (19) cita legislações municipais e federais que regulamentam o uso de recursos públicos por parte dos gestores. O Código Tributário do Município de Natal define o IPTU como imposto a ser utilizado a partir de 1º de janeiro de cada ano, o que não vem sendo cumprido pelo prefeito desde o ano passado.

Segundo o vereador Sandro Pimentel (PSOL), que entrou com ação protocolada pelo Ministério Público do RN contra o prefeito de Natal, a antecipação dos valores do IPTU 2016, que foi feita no ano passado, causou a frustração de receitas e deixou a prefeitura com dificuldades orçamentárias para o exercício atual.

Com certeza é (motivação para a crise financeira)! É falta de gestão financeira. A prefeitura terminou em 2015 com o caixa gordo, porque foram captados os recursos do IPTU daquele ano, e mais os de 2016. E ainda tem um agravante: nós ainda estamos votando ao orçamento de 2017. Isso quer dizer que a previsão de recursos não vai se confirmar, ou seja, nós estamos votando uma peça fictícia”, disse o vereador que pede, em caráter de urgência, a suspensão da medida.

Crime de Responsabilidade

A legislação brasileira que trata sobre os “crimes de responsabilidade” também é citada no pedido do vereador. Se aceita a representação, o prefeito poderá ser denunciado, não sendo necessária interferência da Câmara Municipal.

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