O
estudante Matheus Melquias Bezerra do
Nascimento, de 18 anos, foi impedido de entrar na Escola Estadual Aida Ramalho Cortez Pereira, nesta Segunda-Feira,
24, para assistir aula porque estava de vestido. O caso gerou polêmica entre
colegas e a comunidade, LGBT, reabrindo a discussão sobre a ideologia de gênero
nas escolas. Nesta terça-feira, 25, Matheus e outros colegas, sensibilizados
com o ocorrido, foram de saias e vestidos para a escola em forma de protesto.
Desta vez não foram barrados pela diretoria. Em entrevista ao MOSSORÓ HOJE,
Matheus conta que foi barrado pelo porteiro logo ao chegar na porta da escola.
“Eu cheguei na porta da escola e o porteiro
disse ‘não, não pode entrar não’, aí eu perguntei por que e ele disse que era
porque eu estava de vestido”, relembrou Matheus. Em seguida, ele informou à
diretoria que não poderia voltar para casa porque mora longe, e não via
problema em estar de vestido.
“Ela já chegou gritando, ‘não deixe esse
aluno entrar não, Seu João (porteiro)’. Aí eu disse, quer dizer que um aluno
não pode entrar na escola com um vestido unissex? Aí ela disse, ‘não, pode não’”,
afirma o estudante, que ficou fora da escola o restante da tarde.
O
assunto tomou as redes sociais após o Grêmio
Estudantil Glênio Sá, da Escola
Estadual Aida Ramalho, publicar na internet uma nota de repúdio ao ato. De
acordo com o presidente do Grêmio, Ricardo
Silva, o ato praticado pela escola causou indignação e foi motivado por
machismo e homofobia.
“Eu acho até que ele só entrou hoje
justamente por conta dessa repercussão que tomou na mídia. O caso de Matheus é
mais um caso de homofobia, ele está sendo repreendido pela escola porque ele é
homossexual, e a partir do momento em que um gestor impede que um aluno assista
aula porque está de vestido, ele está infringindo uma lei federal”,
destacou Ricardo.
Para
a estudante Lua Bastos, colega de
Matheus, ver o amigo sendo barrado por conta do vestido causou indignação. “Dizem que não pode porque é vestido, mas tem
tantas meninas que vêm para escola com saias curtas e não são barradas”,
questiona. Já nesta terçafeira, 25, Matheus voltou à escola novamente de
vestido, assim como outros colegas. A história foi um pouco diferente. A
diretora chamou o aluno para uma conversa com ela e a coordenadora pedagógica.
“Eles (direção) disseram que pelas normas
da escola não podia usar vestido curto, só abaixo do joelho, vestido ou saia
(…) Homofobia, apenas isso”, conclui Matheus.
De
acordo com a diretora Hévila Maria,
a atitude do aluno em chegar na escola de vestido causou estranhamento. Ela
conta que a roupa não está dentro do previsto no regimento escolar, por isso, o
aluno, inicialmente, foi impedido de assistir aula. “Era tipo uma canga. Mas, eles têm outro nome. Quando ele levantou, era
bem curto. Nas normas daqui a gente diz que tem que usar o fardamento adequado.
Me chamaram no portão, que eu olhei fiquei foi assombrada, porque aqui a gente
nunca tinha recebido nenhum homem de vestido. Eu não estou dizendo que ele está
certo ou está errado, mas aí eu perguntei ‘meu filho, você não tem nenhuma
calça comprida aqui pertinho não? ’ Aí ele disse que não”, relatou a
diretora. A professora destaca que ficou surpresa com a repercussão que tomou o
caso porque, para ela, barrar um aluno com roupa inadequada é algo normal em
escolas. “Eu nunca imaginei de dizerem
que somos homofóbicos. A gente tem o regimento e diz isso. Mas, nós estamos
abertos para conversar, porque a escola não é só a direção”, afirmou.
Hévila conta que o mesmo aluno já entrou na escola com uma espécie de “top”. “Eu não estava na época, mas o vice diretor falou com ele e explicou,
se nem as meninas entram com top na escola porque outros vão entrar?”,
frisa a diretora.
A
gestora enfatizou que a peça usada pelo aluno era bastante curta. “Ele estava até sentado e o povo ficou
falando e ele até puxou assim. Aí quando levantou, mostrou atrás”, disse. “Aconteceu de outras vezes meninas chegarem
para a aula com blusas decotadas, e já tenho blusas guardadas aqui para quando
essas alunas vêm assim com blusinha de alcinha, nós damos a blusa, e quando
terminam de assistir aula vem devolver, já vem sabendo”, conclui. Para
tratar sobre o assunto, a diretoria da escola irá realizar uma reunião com o Conselho Escolar.
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